Causos


Histórias de Show

Esta História ocorreu no show em Itaqui, durante o acampamento farroupilha de 2012...


Marcello contou mais ou menos assim....

Mas olha meus amigos, vocês vê a gente tocando aqui  violão né, fazendo um monte de murisqueta pra lá e praça né, e mão pra frente e mão pra trás e mão pra cima e mão pra baixo, dedinho pra lá e dedinho pra cá... é... vocês não imaginam a peleia que é aprender a tocar este troço aqui né tchê, eu venho peleando, mas não desisto também, não afrouxo.... olha, eu vou contar uma história pra vocês... uma história que aconteceu comigo quando eu estava aprendendo a tocar violão, começando a aprender, pois aprendendo a gente está sempre né e isso ainda era lá em Bagé, minha cidade natal.

Bom quando eu vim para a cidade, para estudar no colégio, eu tinha portanto sete anos, a minha mãe a dona kita um dia me trouxe um violão e me entregou...

- Marcello, tu tá passando a tarde inteira estudando, mas a manhã inteira tu fica vagabundeando sem fazer nada.

É... passava a toa em casa vendo televisão né tchê, é verdade e aí que disse assim ó:

- Então eu vou te colocar numa aula de violão, pra tu aprender a tocar violão.

E eu digo bueno então tá, vamos lá né... gurizote né tchê e tal... e já gostava de violão, e já gostava de música e tal, fui fazer aula de violão... e aí o violão que ela me trouxe, olha, nem conto pra vocês, era um violão tão ruim, mas tão ruim que em vez de cordas parecia que tinha umas faca ali, né tchê, é... umas faca velha brabíssima assim... e aí me atraquei no primeiro dia a tocar aquilo de qualquer jeito, que nem os guri hoje a tarde na oficina, se atraquemo a tocar, que coisa mais linda, me atraquei a tocar aquilo e olha, quase gastei os dedo né tchê, um deles por sinal gatou tudo, ficou só quatro numa mão né tchê... risos da platéia... é... verdade mesmo... mais risos... foi aí que começou o problema, né tchê... bah...

Mas aí num outro dia o meu pai, seu Alberto Caminha, chegou pra mim com um LP, um LP da 10º Califórnia da Canção Nativa, faz tempo isso tá, 1980 né... e eu escutei aquele disco e me chamou a atenção uma música que tinha ali, muito bonita por sinal chamada Recuerdos da 28, uma música conhecida, os senhores devem conhecer, certamente porque o meu amigo e colega Joca Martins gravou esta música e fez sucesso com esta música e faz até hoje, e eu, o que me chamou a atenção não foi propriamente a música, mas sim um solinho de violão que tinha nesta música muito bonito, que foi o primeiro que eu aprendi a tocar... que é assim ó...

 “neste momento o Marcello executa o solo de introdução da música Recuerdos da 28 em uma velocidade de execução normal e prossegue...”

Hoje eu toco ele bem tranquilo, mas aquele dia, o primeiro dia que eu escutei o disco, eu me atraquei a tirar aquele solo e não conseguia tirar nada né tchê... aí minha mãe disse assim:

- Marcello, mas quem sabe tu faz o seguinte, tu vai lá e leva o disco pro teu professor, ele escuta e te ensina a tirar esse solo.

Tá certo, eu estava estudando violão né... muito bem, segui a orientação da minha mãe e cheguei pro professor lá..

- Professor, tenho um disco pra lhe mostrar aqui e quero que o senhor me ensine a tocar um solo de violão que tem em uma música.

Aí ele escutou o disco, escutou e tal e diz assim pra mim:

- Olha rapaz, mas tu até loco é tchê, porque tu tem uma semana de aula e já quer tirar essas coisas difícil aí...

Gurizada, nem imaginam a encrenca que ele arrumou para a vida dele, é... porque torceu, é... cutucou a onça com vara curta e me puxou as barba do meu violão tchê... é... eu não sei como é aqui meus amigos, aqui em Itaqui... deve ser meio parecido porque tudo é fronteira né, e esse pessoal de fronteira é estourado uma barbaridade, por qualquer coisinha companheiro, qualquer coisinha sai do sério, não é verdade? É... e eu era um baixinho gordinho assim ó... mas olha tchê aquilo... estufava o peito e... de baita entonado que eu era... bueno, é...   aí eu disse pro professor:

- A então tá, então o senhor não quer me ensinar, pois agora eu vou lhe dizer uma coisa, semana que vem eu vou trazer esse solo aqui na próxima aula bem tiradinho pro senhor... e vou lhe mostrar como tiro sozinho.

Bueno fui pra casa, primeiro dia sai meio mascado assim como diria... e aquilo foi uma peleia pra tirar. No segundo dia meu amigo, Matheus Kleber, já acertei a primeira nota, já é alguma coisa... bueno pra encurtar a história pra vocês, uma semana depois eu já estava tocando aquele solo mais ou menos assim ó...

“Marcello executa o solo ligado em 220v, a uma velocidade umas 100 vezes mais rápido que a velocidade normal da música... risos geral da plateia...”

Mais ou menos assim... bom ai eu digo, bueno tá na hora de levar par mostrar pro meu professor... cheguei lá na aula, o professor um moreno véio, entroncado, deste tamanhão assim né tchê,  e eu olho pra cima e digo:

- Professor, eu quero lhe mostrar uma coisa...

Cheguei ali e mostrei pra ele né tchê...

“O Marcello executa novamente o solo numa velocidade extremamente rápida e faz gestos como se olhando para cima e apontando para a cara do professor com a maior satisfação... novamente risos da platéia”

- Tu tá expulso da minha aula rapaz. Isso é um desacato ao professor, como é que tu vem aqui querer te exibir pra mim aí com esse solo...

Barbaridade... olha, resumo da história, fui expulso da aula do professor... fui expulso do conservatório, só não fui expulso da cidade por pouca coisa né tchê...

“Marcello continua o show cantando e executando a música Recuerdos da 28...


Marcello Holmes




Bagé, 1976.

Era final de agosto, o inverno estava apenas na metade, mas como sempre acontecia nos últimos anos, este mês teve a temperatura superando os vinte graus. 

Naquela manhã quando acordei, parecia estar mais frio que no dia anterior, andei até a janela do quarto e abri, olhei para fora e havia um nevoeiro muito intenso, mal conseguia enxergar as árvores do pomar no quintal de casa. Os passarinhos cantavam nas árvores como acontecia todas as manhãs, na verdade eram eles que me despertavam. Esta sonoridade fez com que me desse uma vontade louca de acompanhar aquele canto com os acordes de meu mais novo companheiro, o violão. A reação foi imediata, tirei o instrumento da capa, corri até a varanda, me sentei no banco e tentei fazer com que um acorde soasse, mas meus dedos estavam frios e não obedeciam as ordens que o pensamento mandava. 

Não teve jeito, o melhor a fazer é pegar o material didático do professor Edemar Teixeira e fazer alguns exercícios de aquecimento. Larguei o violão, fui até o meu quarto para pegar a apostila e... foi neste momento que o inesperado aconteceu, alguns farelos de procedência desconhecida, pairavam ao redor do meu material de estudo de violão. 

Desconfiado com a situação, perguntei a minha mãe se ela ou meu irmão tinham estado em meu quarto, mas a resposta foi negativa e com isso o caso ficou mais misterioso ainda, pois eu jamais havia feito uma refeição no quarto pois minha mãe não permitia, a não ser que estivesse doente e neste caso ela mesma teria me alimentado e não produziria os farelos que eu encontrei naquele momento. 

Tomado pela dúvida e pela angústia de saber como aqueles farelos apareceram ali e incentivado pelos filmes de investigação, pois era muito comum nesta época de assistirmos um filme e depois sair brincando que éramos um dos personagens, virei o Sherlock Holmes, ou melhor o Marcello Holmes – Elementar meu caro Watson – para descobrir este grande mistério. Até mesmo um kit detetive, que eu havia comprado, utilizei para desvendar o mistério. 

Com a Lupa na mão, chapéu na cabeça e os olhos bem atentos fui à busca dos vestígios para desvendar este mistério sobre os farelos em meu precioso material de estudo de violão. Percorri todos os arredores e percebi que na verdade o meu material didático estava bem no meio da trilha produzida pelos farelos. Então persegui a trilha começando pelo lado direito e acabei na cozinha, justamente no cesto em que minha mãe guardava pães e bolachas. Mas o que teria produzido esta trilha? Eu com meus seis anos de idade e profundo conhecimento investigativo não fui capaz de imaginar e então voltei ao ponto de partida. 

Desta vez percorri a trilha para o lado esquerdo, e observei que a mesma saía para o lado de fora justamente na janela de meu quarto e fiquei me perguntando como pode eu não ter visto este rastro antes, pois a pouco estive na janela? Continuei a investigação, saindo correndo para o lado de fora da casa e percorrendo a trilha, centímetro por centímetro. 

No final, satisfeito com a descoberta, pois não passava de um trajeto que as formigas traçaram entre a cozinha e o formigueiro que por coincidência do destino cruzou pelo meu quarto e pela minha apostila de violão. 

Por sorte nossa, fãs do Marcello esta atividade de detetive ficou esquecida para trás e o Marcello deu continuidade aos estudos do violão, o que fez com que ele tenha se tornado este excelente músico e referência na musica gaúcha. 

Esta história é uma ficção apenas para ilustrar uma brincadeira de infância do Marcello na qual fez com que ele adquirisse um kit de detetive com manual e tudo.


A História da Aliança

               

Houve um questionamento de um fã sobre a história da aliança e a queria ver publicada no blogue e tal, pois bem, a história foi descoberta e segue abaixo o relato...

O Marcello sempre procura manter o ambiente das oficinas bem descontraídos e sempre enfatiza durante as aulas, quando está falando em dedilhar as cordas do violão, a falta de seu dedo anelar na mão direita.
Acontece que,  em uma oficina violão gaúcho em São Gabriel, para enfatizar esta falta do dedo, o Marcello contou que foi noivo por 18 anos e que tinha que carregar a aliança entre o dedo médio e o mínimo, uma vez que ele não tem o dedo anelar para por a aliança. Imaginem só... claro que foi um momento com muitas risadas...

Esta história não passou de uma brincadeira pois o Marcello nunca foi noivo.

Quatro Dedos na Mão Direita



A maioria dos fãs sabem que o Marcello Caminha tem apenas quatro dedos na mão direita, mas aos mais desatentos observe.

Assim como eu muitos acham que é um problema de nascença, aos que não tiveram a coragem de perguntar segue o relato, pois foi um acidente que o deixou assim.

Marcello estava quase completando dois aninhos quando o acidente aconteceu, foi no dia 15 de março de 1973, ele estaria completando dois aninhos no dia 30. Marcello estava observando o pai trabalhar, agarradito na cerca, quando uma grade (implemento agrícola) esbarrou na cerca e a ferragem do implemento veio justamente de encontro ao moirão em que Marcello estava com a mãozinha encostada. Houveram várias fraturas na mão e a perda total do dedo anular após várias tentativas de salvá-lo, inclusive com enxertos de outras partes do corpo.

"A sorte é que a junta médica que me tratava resolveu eliminar todo o complexo dedo + articulação pois foi o que me possibilitou a movimentação normal da mão vários anos depoiscomentou-me Marcello.
O violão entrou na história como uma ferramenta fisioterapêutica, quando Marcello tinha sete anos e foi para Bagé estudar. O Objetivo era tentar melhorar os movimentos da mão e ao mesmo tempo ocupa-lo nas horas vagas da manhã, uma vez que o colégio era no período da tarde.
"sim" do professor Edemar Teixeira, quando a mãe o levou para fazer a primeira aula e perguntou se com o problema da mão ele poderia tocar violão, foi o ponto fundamental para que Marcello começasse o estudo do instrumento musical. A partir daí a paixão foi fluindo naturalmente, os movimentos foram melhorando e o que era uma brincadeira foi ficando séria.

Não sei quem falou a frase, mas foi muito feliz na colocação....

"Para que dez, quando pode-se tocar com excelência com nove...dedos"

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